terça-feira, 15 de março de 2011

Pensando um pouco sobre a licenciatura

Fim da graduação se aproximando e vem a pergunta: o que farei depois?
“O que fazer após a graduação” pode tornar-se para alguns o tipo de decisão de tirar o sono. Mestrado e concurso público são as opções de maior destaque. E refletindo sobre as possibilidades que me levam a um e a outro, deparei-me refletindo um pouco mais acerca da licenciatura. Creio que o sentimento de muitos varia de um extremo a outro quando o assunto é lecionar: salários injustos, satisfação ao perceber que a turma apreendeu o que você queria transmitir, péssimas condições de trabalho, carinho e reconhecimento de alguns alunos, etc.
Recentemente, conversando com um amigo que está iniciando sua carreira de professor, ele me disse uma coisa que achei interessante: “Quando a gente entra na sala de aula esquece tudo, dos problemas, que é mal pago... tudo o que se quer é dar a melhor aula para aquelas crianças”. Um dia após essa conversa, deparo-me com a matéria de capa da revista Cidade Nova: “Professores no limite da resistência - Estresse e transtorno mental estão entre as principais causas de afastamento de muitos profissionais da atividade docente. O Estado e toda a sociedade precisam investir urgentemente na promoção dos professores” (Ver:http://www.cidadenova.org.br/RevistaCidadenova/#LoginAss). Conclusão: quem decide investir cerca de quatro anos de sua vida cursando uma licenciatura gosta de sofrer.
Mas só isso?
Também recentemente encontrei uma edição especial da revistaNova Escola, a qual apresenta os grandes pensadores da educação, bem como a história do pensamento pedagógico no Ocidente. Ao ler esta edição, uma parte em especial causou-me surpresa e inspiração: “A educação é o ponto em que decidimos se amamos o mundo o bastante para assumirmos a responsabilidade sobre ele” – Hannah Arendt. Agora irei explicar minhas reações diante desta afirmação. Fiquei surpresa porque após um semestre inteiro estudando sobre o totalitarismo a partir do pensamento de Arendt durante a disciplina de História Contemporânea II, nunca imaginei que esta pensadora liberal tivesse dedicado tempo para refletir sobre a educação. E como disse, esta frase causou-me ainda inspiração. Poxa, também eu sou responsável pelo mundo enquanto educadora! Que responsabilidade gigantescamente encantadora, não é mesmo?!
Além disso, há aqueles exemplos de carne e osso, com os quais nos deparamos diariamente ou já nos deparamos em algum momento no passado: aqueles queridos professores, para os quais cultivamos enorme respeito e carinho, e tornaram-se, mesmo sem querer, nossa inspiração.
Enfim, a licenciatura apresenta seus prós e contras; no entanto, para aqueles que apresentam dom para tal e abraçam essa responsabilidade, ela nunca deixa de ser uma experiência contínua de ensino-aprendizagem, de transformação dos outros e de si, bem como de instigadora na forma de (re)pensar a si e o mundo.
Para refletir e (re)pensar um pouco mais acerca da docência, indico as seguintes leituras:
- Edição Especial Grandes Pensadores, da revista Nova Escola:http://revistaescola.abril.com.br/edicoes-especiais/022.shtml
- Artigo do Professor Dr. Márcio Couto, da UFPA, Ser educador: uma experiência modificadora de si:http://seer.ucg.br/index.php/educativa/article/view/1255/868


Esta postagem foi originalmente publicada no blog Fios de Pensamento (http://julibrandao.blogspot.com/). Aqui ela está com algumas pequenas modificações.

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